O governo federal anunciou que acionará judicialmente hotéis que aplicarem preços abusivos durante a realização da COP30, em Belém. A medida, segundo o discurso oficial, busca proteger visitantes e delegações internacionais diante de tarifas consideradas “estratosféricas” em hospedagens locais.
A decisão, embora correta no discurso, revela uma falha estrutural: o Estado só reage quando o problema explode. A especulação em eventos de grande porte já é uma prática recorrente no Brasil, e a ausência de regulação prévia abriu espaço para que hotéis inflacionassem valores sem limites. Agora, o governo promete punição exemplar, mas se omite quanto à criação de mecanismos preventivos que poderiam ter evitado o cenário.
Sem medidas estruturais, como regras claras de preços, contratos-padrão ou fiscalização em tempo real, a iniciativa corre o risco de virar apenas mais um gesto simbólico. O Brasil precisa mostrar ao mundo que é capaz de sediar um evento global sem transformar a hospitalidade em exploração econômica. Do contrário, a COP30 ficará marcada menos pelo debate climático e mais pela vitrine de abusos e improvisos.
Da Redação, Folha de Brasília
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil