Enquanto o país enfrenta filas nos hospitais, escolas sucateadas e insegurança crescente, milhões de reais escorrem pelos cofres públicos para bancar uma fantasia coletiva: a de que a vida é uma grande festa — e que o político é o animador do espetáculo.
Só em 2025, municípios da Bahia e Pernambuco já gastaram mais de R$ 150 milhões em festas juninas. Cachês milionários, decorações exuberantes e shows pirotécnicos garantem a alegria do momento. Mas quem paga essa conta? O povo. O mesmo povo que, em muitos lugares, não tem água encanada ou acesso a um médico.
Enquanto isso, comitivas políticas atravessam oceanos, hospedadas em hotéis de luxo, sob o pretexto de “missões internacionais” que raramente resultam em algo concreto para o cidadão comum. São reuniões, fóruns e encontros bilaterais que geram fotos, discursos e, no máximo, um post no Instagram do político de turno — com legenda em inglês mal traduzido.
Nos palanques e tribunas, o tom é solene: falam de democracia, de liberdade, de combate à desinformação, de reformas eleitorais. Mas a realidade por trás dos microfones é a promoção pessoal financiada com dinheiro público. São políticos vazios de propostas e cheios de marketing, que descobriram que é mais fácil governar como influenciadores de si mesmos do que como servidores do povo.
E o mais preocupante: grande parte da população aplaude. Vibra. Dança. Acredita. Porque, para muitos, a vida virou isso mesmo: uma sequência de festas, selfies e fogos de artifício. Afinal, “o Brasil é um país alegre” — dizem os que lucram com a alienação coletiva.
Mas alegria sem dignidade é anestesia. Festa sem saúde, sem educação, sem respeito ao dinheiro público, é abuso. E político que transforma a gestão em palco, transforma o povo em plateia — e não em cidadão.