O lançamento da chapa formada por Celina Leão e Gustavo Rocha, sob a benção do governador Ibaneis Rocha, marca o início oficial da corrida pelo Palácio do Buriti em 2026. O movimento reforça a estratégia de continuidade de um grupo político que busca se manter no poder, mas também levanta o debate sobre a falta de renovação e a concentração de forças em torno de velhos caciques. Brasília, mais uma vez, se vê diante de uma disputa que parece mais um rearranjo interno do que uma abertura para novas ideias.
Celina Leão, que já vinha se movimentando com força no cenário político, ganha com a formalização o peso do apoio oficial de Ibaneis, enquanto Gustavo Rocha acrescenta perfil jurídico e institucional à composição. O problema é que a chapa nasce mais como produto de articulação de bastidores do que como resposta aos desafios reais do DF. Saúde precária, transporte caótico e desigualdade entre regiões administrativas continuam sendo temas empurrados para segundo plano, enquanto a lógica da sucessão gira em torno da manutenção de grupos de poder.
O eleitor brasiliense, historicamente exigente e crítico, terá de decidir se aposta novamente na continuidade ou se buscará alternativas que representem ruptura com esse ciclo de autopreservação política. Se a chapa Celina-Gustavo pretende ser competitiva de fato, terá que apresentar propostas concretas e inovadoras, sob risco de carregar a pecha de ser apenas a extensão de um governo que, apesar de estável, não conseguiu resolver os problemas estruturais da capital. O desafio, portanto, é convencer que não se trata apenas de herança de poder, mas de um projeto que ofereça futuro para Brasília.
Da redação, Folha de Brasília
Foto: José Cruz/Agência Brasil