A Câmara dos Deputados divulgou que mantém 447 imóveis funcionais em Brasília, dos quais 379 estão ocupados por parlamentares e outros 48 seguem em reforma. Além disso, 104 deputados recebem auxílio-moradia de R$ 4.253, valor que pode ser complementado pela cota parlamentar em caso de aluguel mais caro. Em um país onde milhões de brasileiros vivem sem acesso digno à moradia, o contraste com os privilégios da elite política é um soco no estômago da sociedade.
Os imóveis funcionais foram criados para reduzir custos e dar praticidade ao trabalho legislativo. No entanto, tornaram-se símbolo de uma cultura de privilégios que resiste às mudanças sociais. Muitos parlamentares, mesmo tendo residência em Brasília ou condições financeiras robustas, continuam usufruindo do benefício. A conta, como sempre, recai sobre o contribuinte, que financia tanto as moradias quanto as reformas milionárias necessárias para mantê-las.
Em vez de perpetuar uma estrutura desigual, o Congresso deveria discutir com seriedade a revisão desse modelo. Num momento em que o país enfrenta déficit habitacional, cortes em áreas essenciais e pressões fiscais, manter imóveis funcionais para parlamentares soa como anacronismo e insensibilidade política. Se Brasília quer ser exemplo de gestão pública, precisa começar pelo próprio quintal: cortar privilégios, reduzir gastos e alinhar o discurso de austeridade à prática concreta.
Da redação, Folha de Brasília
Foto: Judiciário – Reprodução