O incêndio registrado em uma subestação elétrica que provocou apagão em todas as regiões do país durante a madrugada expõe, mais uma vez, a fragilidade do sistema energético nacional e o preço da negligência em infraestrutura crítica. Em pleno século XXI, um único ponto de falha ainda é capaz de paralisar cidades inteiras, interromper serviços essenciais e comprometer a segurança de milhões de brasileiros. O problema não é o fogo em si — é o que ele revela: um sistema que opera no limite e um Estado que age sempre depois da catástrofe.
A ausência de manutenção preventiva e de protocolos eficazes de contingência é um traço crônico da gestão pública brasileira. Subestações antigas, equipamentos obsoletos e redes sobrecarregadas formam uma bomba-relógio permanente, especialmente diante do aumento da demanda por energia e das variações climáticas extremas. A cada novo apagão, as autoridades prometem investigações e modernização do setor, mas o ciclo de falhas e improvisos se repete como um ritual de incompetência institucional.
Mais do que um incidente técnico, o apagão é um alerta político. O país precisa de uma política energética moderna, baseada em redundância, inteligência e transparência. Investir em tecnologia, segurança e gestão de risco é prioridade nacional — não luxo técnico. Quando o sistema elétrico falha, falha também o pacto social que sustenta o cotidiano da população. Sem energia, o Brasil literalmente apaga — e com ele, apaga-se também a confiança no poder público.
Da redação, Folha de Brasília
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil