Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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Índice de agosto diminui pressão por alta de juros, avaliam analistas

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Índice de agosto diminui pressão por alta de juros, avaliam analistas

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) mostrou uma desaceleração notável em agosto, registrando uma variação de 0,19%, uma redução em comparação aos 0,30% registrados no mês anterior. Ao longo dos últimos 12 meses, a inflação medida pelo IPCA-15 acumulou uma taxa de 4,35%, que, embora ainda alta, representa uma leve queda em relação aos 4,45% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Essa diminuição tem alimentado as expectativas no mercado financeiro de que o Comitê de Política Monetária (Copom) manterá a taxa Selic em 10,50% ao ano na sua próxima reunião, evitando assim ajustes mais agressivos na política monetária.

Economistas e analistas de mercado veem essa queda no índice como uma confirmação da atual tendência de desaceleração da inflação, o que, por sua vez, poderia justificar a manutenção da política monetária atual sem necessidade de mudanças imediatas. Além disso, a recente sinalização do Federal Reserve dos Estados Unidos sobre a possibilidade de uma redução nos juros lá fora contribui para criar um ambiente econômico mais favorável ao Brasil, reforçando a probabilidade de que a Selic permaneça no nível atual, sem cortes ou elevações no curto prazo.

Apesar desse cenário positivo, ainda existem fatores que exigem cautela, principalmente no setor de serviços, onde a inflação, embora tenha desacelerado de 0,70% em julho para 0,29% em agosto, continua elevada quando analisada em um horizonte anual. Instituições como o C6 Bank e o Banco Inter acreditam que, mesmo com essa desaceleração nos serviços, a taxa Selic deve continuar estável até o final de 2024, com expectativas de reduções mais significativas sendo projetadas apenas para 2025, à medida que a inflação continue a ser monitorada de perto.

Por outro lado, alguns economistas argumentam que a manutenção da Selic em setembro ainda não é um consenso definitivo. A economia brasileira, segundo eles, continua aquecida, o que pode justificar uma elevação moderada dos juros para evitar um aumento descontrolado da inflação, especialmente considerando que o mercado de trabalho se mantém forte e que as expectativas inflacionárias para os próximos anos estão acima da meta estipulada pelo Banco Central. Essa combinação de fatores poderia pressionar o Copom a reconsiderar sua estratégia atual.

Por fim, há preocupações adicionais que vão além do simples controle inflacionário, incluindo a resiliência da inflação no setor de serviços, a recente desvalorização do real frente ao dólar e o risco de desancoragem das expectativas de inflação no futuro próximo. Esses são elementos que serão acompanhados de perto pelos analistas e pelo mercado financeiro nos próximos meses, pois podem influenciar diretamente as decisões futuras de política monetária.