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Julgamento de Bolsonaro é retomado com tensão entre Fux e Moraes

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Julgamento de Bolsonaro é retomado com tensão entre Fux e Moraes

O retorno do julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal expôs uma fissura que vai além do réu: a tensão entre os próprios ministros. O episódio em que Luiz Fux interrompeu Alexandre de Moraes, sinalizando discordância em parte do voto, ilustra como até mesmo a mais alta Corte do país reflete as pressões políticas que rondam o caso. Para um processo já carregado de simbolismo, a divergência pública aumenta a sensação de que o julgamento não é apenas jurídico, mas também um palco de disputas internas.

Em qualquer democracia, divergência entre juízes é saudável e até necessária, pois fortalece o caráter plural das instituições. Mas quando as divergências se tornam espetáculos em meio a um caso de tamanha repercussão, o risco é outro: transformar a Corte em protagonista de narrativas políticas, com ministros vistos mais como atores em lados opostos do tabuleiro do que como intérpretes imparciais da Constituição. Isso mina a confiança popular e alimenta o discurso de perseguição que Bolsonaro e seus aliados exploram com habilidade.

O STF carrega a responsabilidade histórica de conduzir o julgamento com rigor, serenidade e transparência. Não basta punir ou absolver: é preciso transmitir à sociedade que a democracia não está refém de vaidades individuais nem de tensões internas. Se a Corte conseguir atravessar o processo sem se fragmentar, sairá fortalecida como guardiã da ordem constitucional. Caso contrário, o que deveria ser um marco de maturidade democrática poderá se transformar em mais um capítulo de desgaste institucional.

Da redação, Folha de Brasília

Foto: Agência Brasil