O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não quer luxo e que pretende se hospedar em um barco durante a realização da COP30, em Belém. A declaração, feita em tom de humildade e proximidade com o povo, busca transmitir uma imagem de austeridade e simplicidade diante do evento internacional mais importante sobre o clima. No entanto, a fala também desperta questionamentos sobre o quanto o discurso simbólico será acompanhado de ações efetivas no campo ambiental.
A COP30 colocará o Brasil no centro das atenções globais, e o país precisará provar que sua retórica sobre sustentabilidade vai além de gestos de modéstia pessoal. O desafio não está em dormir em um barco, mas em garantir políticas de combate ao desmatamento, transição energética, saneamento urbano e preservação das populações tradicionais da Amazônia. Gestos simbólicos têm valor político, mas não podem servir como cortina de fumaça diante das lacunas históricas na execução das políticas ambientais.
A simplicidade de Lula pode agradar à opinião pública e reforçar o tom populista de sua liderança, mas o mundo observará o que o Brasil faz — não apenas o que diz. Se o país quer ser referência em sustentabilidade, é preciso que o discurso se traduza em metas ambiciosas, fiscalização efetiva e compromisso duradouro. De nada adianta trocar o luxo dos hotéis por o convés de um barco se a política ambiental permanecer ancorada em promessas.
Da Redação, Folha de Brasília
Foto: Agência Brasil