Lula e Marcelo Folha de Brasília

“Lula pediu para que a Odebrecht fizesse um projeto em Cuba”, diz Marcelo Odebrecht

Cumprindo pena em regime semiaberto, o empreiteiro Marcelo Odebrecht afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada nesta segunda-feira (9), que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu para que a Odebrecht realizasse um projeto em Cuba. Alvo da Lava-Jato, a empresa tem dívidas que chegam a R$ 98,5 bilhões e enfrenta uma das maiores recuperações judiciais do país.

— Em todos os países, nós íamos por iniciativa própria, conquistávamos o projeto e buscávamos uma exportação de bens e serviço. Em Cuba houve um interesse do Brasil de ajudar a desenvolver alguns projetos. E aí Lula pediu para que a Odebrecht fizesse um projeto em Cuba — contou o empresário ao jornal.

Ainda de acordo com ele, o interesse de Lula surgiu após o ex-presidente visitar o país, passar por uma estrada deteriorada e demonstrar vontade de ajudar. Como um tufão recém havia destruído o país, o governo cubano demonstrava interesse na construção de casas.  

conomicamente, contudo, a Odebrecht preferia a construção de um porto, porque demandava mais produtos exportados, como estrutura metálica, maquinário, entre outros. Ainda conforme o empresário, não havia orientação sobre outros países.

 — O único país que a gente percebeu que houve uma boa vontade maior, uma atuação, um esforço maior do governo para ajudar a aprovar o crédito (do BNDES) foi na questão de Cuba — disse. 

Questionado sobre a existência de uma “caixa-preta” do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Odebrecht afirmou que, com a empreiteira da família, “com certeza não” há. E detalhou práticas da estatal que levantam suspeição, como o financiamento de jatos.

— De fato, as condições gerais do BNDES, tanto de juros, quanto de prazo, são muito melhores. Em relação ao mercado brasileiro, são distorcidas. Mas eram extremamente compatíveis com o que se praticava no resto do mundo — completou. 

Odebrecht deixou a prisão em dezembro de 2017 para cumprir o regime fechado domiciliar com o uso de tornozeleira eletrônica após firmar acordo de colaboração premiada. Em dezembro deste ano, conseguiu a progressão para o semiaberto.