Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Mercado eleva previsão da inflação de 4,84% para 4,9% este ano

A projeção do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a medida oficial de inflação do país, foi revisada de 4,84% para 4,9% neste ano, de acordo com o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (21). Esse relatório semanal apresenta as expectativas das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos.

Para o ano de 2024, a estimativa de inflação é de 3,86%, enquanto para os anos de 2025 e 2026, as previsões são de 3,5% para ambos os anos.

A projeção para 2023 ultrapassa o limite superior da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3,25%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Isso significa que o intervalo aceitável vai de 1,75% a 4,75%. O Banco Central indica que existe uma probabilidade de 61% de a inflação oficial exceder o teto da meta em 2023, de acordo com o último Relatório de Inflação.

A previsão do mercado para a inflação de 2024 também está acima do valor central da meta definida, que é de 3%, mas ainda permanece dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

No mês de julho, a taxa de inflação medida pelo IPCA foi de 0,12%, influenciada pelo aumento nos preços da gasolina, conforme informado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa taxa ficou superior aos valores registrados no mês anterior (-0,08%) e em julho de 2022 (-0,68%). Com esse resultado, a inflação acumulada no ano atingiu 2,99%. No período de 12 meses, a inflação é de 3,99%, superando os 3,16% acumulados até junho.

Juros básicos

Para atingir a meta de inflação, o Banco Central utiliza como principal ferramenta a taxa básica de juros, conhecida como Selic, que foi fixada em 13,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Diante da acentuada queda no IPCA, o Copom do Banco Central iniciou, neste mês, um ciclo de redução da taxa Selic.

A última vez em que o Banco Central havia diminuído a Selic foi em agosto de 2020, quando ela foi reduzida de 2,25% para 2% ao ano, como resposta à retração econômica causada pela pandemia de covid-19. Posteriormente, o Copom optou por elevar a Selic por 12 vezes consecutivas, a partir de março de 2021, como resposta à elevação nos preços de alimentos, energia e combustíveis. A partir de agosto do ano passado, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete decisões consecutivas.

De acordo com as expectativas do mercado financeiro, prevê-se que a Selic encerre o ano de 2023 em 11,75% ao ano. Para o final de 2024, a estimativa é que a taxa básica seja reduzida para 9% ao ano. Quanto ao final de 2025 e 2026, a projeção é de uma taxa Selic de 8,5% ao ano para ambos os anos.

Quando o Copom opta por aumentar a taxa básica de juros, o objetivo é controlar a demanda aquecida, o que tem efeitos sobre os preços, já que juros mais elevados encarecem o crédito e incentivam a poupança. Contudo, além da Selic, os bancos consideram diversos outros fatores ao determinar as taxas de juros cobradas dos consumidores, tais como risco de inadimplência, margem de lucro e despesas administrativas. Assim, taxas mais altas também podem dificultar a expansão econômica.

Por outro lado, quando o Copom opta por reduzir a Selic, espera-se que o crédito se torne mais acessível, estimulando a produção e o consumo, o que por sua vez diminui o controle sobre a inflação e fomenta a atividade econômica.

PIB e câmbio

A estimativa das entidades financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano permaneceu em 2,29%, mantendo-se inalterada em relação ao relatório da semana anterior. Para o ano de 2024, a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, indica um crescimento de 1,33%. Nos anos de 2025 e 2026, o mercado financeiro antecipa um aumento do PIB de 1,9% e 2%, respectivamente.

Quanto à previsão da cotação do dólar, espera-se que alcance R$ 4,95 até o final deste ano. Para o encerramento de 2024, a estimativa é de que a moeda norte-americana se situe em R$ 5,00.

Fonte: Agência Brasil