A investigação revelou que a segurança privada irregular era cobrada a cada 15 dias na região central de São Paulo, especialmente após a expansão da Cracolândia. Moradores pagavam até R$ 1.500 por esse serviço, e a prática envolvia agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM), que são agora alvos de uma apuração do Ministério Público (MP) por possível ligação com uma milícia armada.
O MP identificou que os agentes da GCM estavam envolvidos na proteção de 12 ruas no Centro da cidade, incluindo áreas como Campos Elísios e Santa Efigênia. A investigação revelou que, na região do Campos Elísios, a milícia atuava em diversas ruas e avenidas, enquanto na Luz e na Sé, a atuação estava concentrada em áreas específicas, como a Rua Florêncio de Abreu.
Comerciantes da área confirmaram que a cobrança de segurança era generalizada e que aqueles que se negavam a pagar enfrentavam retaliações, como vandalismo. A prática teve início com a dispersão da Cracolândia pelo centro da cidade e envolvia uma troca de propinas para garantir a presença dos usuários de droga em áreas comerciais.
O MP descobriu que a Guarda Civil Metropolitana colaborava com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que organizava a movimentação dos usuários da Cracolândia mediante pagamentos de propina. O esquema incluía a transferência dos usuários para diferentes regiões, forçando os comerciantes a pagar cerca de R$ 50 mil mensais para manter a área livre de dependentes químicos.
A investigação do MP revelou cinco grupos de atuação na Cracolândia. Entre eles, havia ferros-velhos que exploravam usuários de drogas, uma milícia formada por GCMs e policiais, e uma rede de receptação de celulares. Além disso, hotéis mantidos pelo PCC serviam para armazenamento de drogas e exploração sexual. A Favela do Moinho, base do PCC, também desempenhava papel crucial no tráfico e armazenamento de armas, além de utilizar detectores de radiofrequência para monitorar as operações da polícia.