transporte-urbano_mcamgo_abr_09082023-9
transporte-urbano_mcamgo_abr_09082023-9

Mobilidade urbana: estudo recomenda adotar tarifa zero no lugar do vale-transporte

transporte-urbano_mcamgo_abr_09082023-9

Mobilidade urbana: estudo recomenda adotar tarifa zero no lugar do vale-transporte

Um estudo recente elaborado por especialistas em mobilidade urbana reacendeu o debate sobre o futuro do transporte público no Brasil ao propor a substituição do atual modelo de vale-transporte pela implementação de uma tarifa zero universal. Segundo o documento, a medida seria mais eficiente, equilibrada e socialmente justa do que o sistema vigente, que depende de descontos compulsórios nos salários e do financiamento direto por parte das empresas.

De acordo com os pesquisadores, o modelo atual cria distorções profundas: trabalhadores que moram longe gastam mais, empresas pagam valores variáveis e desproporcionais, e grande parte da população — como desempregados, trabalhadores informais e estudantes — fica fora da cobertura do benefício. A tarifa zero universal, por outro lado, eliminaria a cobrança direta dos usuários, ampliaria o acesso ao transporte para toda a população e reduziria o uso de carros, congestionamentos e emissões de poluentes nas grandes cidades.

O estudo argumenta que o financiamento poderia vir de fontes como fundos públicos, taxações sobre combustíveis fósseis, cobrança por uso de vias em áreas congestionadas, contribuições sobre estacionamentos privados e participação de grandes empregadores. Segundo os autores, experiências internacionais mostram que a tarifa zero tende a aumentar significativamente o uso do transporte coletivo, impulsionar a economia local e reduzir desigualdades urbanas.

A proposta, no entanto, ainda enfrenta resistência de setores empresariais e de algumas administrações municipais, que questionam a viabilidade financeira e a capacidade dos sistemas de transporte absorverem o aumento de demanda. Apesar das críticas, os autores afirmam que o modelo é tecnicamente possível e politicamente necessário em um país onde a mobilidade urbana é um dos principais fatores de exclusão social. Para eles, a tarifa zero universal deixaria de ser apenas um ideal e se transformaria em uma mudança estrutural profunda no modo como o Brasil entende e financia sua mobilidade.

Da redação, Folha de Brasília

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil