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Motim na Câmara: protesto ou golpe institucional disfarçado de mobilização?

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Motim na Câmara: protesto ou golpe institucional disfarçado de mobilização?

O episódio recente em que 14 parlamentares ocuparam a Mesa Diretora da Câmara por mais de 30 horas expôs a gravidade da crise institucional vivida no Congresso. A estratégia, claramente voltada à pressão política — cobrando pautas como a anistia para envolvidos nos atos de 8 de Janeiro — atrapalhou deliberadamente o funcionamento legislativo e virou símbolo de um parlamentarismo sob risco.

A resposta oficial, bem lenta, chegou com a notificação dos envolvidos pela Corregedoria da Câmara, que agora tem o tribunal para analisar as defesas. A depender do andamento — se seguir o rito sumário ou ordinário — a decisão pode demorar meses, diluindo o impacto em nome da cautela ou, pior, incentivando novos episódios antidemocráticos.

O que torna tudo mais preocupante é a politização do caso: muitos insistem em relativizar o ato como legítima manifestação política e não como obstrução. A defesa coletiva montada pelos denunciados — afirmando que os “verdadeiros” amotinados são mais de 100 — coloca em xeque a imparcialidade do processo e abre brecha para seletividade punitiva. E foi exatamente isso que o líder do PL, Valdemar Costa Neto, denunciou: “É inaceitável que parlamentares do PL sejam tratados como se tivessem cometido crime, enquanto episódios similares da esquerda foram tolerados”

Enquanto isso, o Congresso permanece marcado pela lentidão institucional que fragiliza sua legitimidade e põe em risco a estabilidade democrática. Impor prazos longos e ritos cheios de manobras protegerá parlamentares simbólicos, mas não restabelecerá a normalidade legislativa. Brasília precisa escolher se defende a democracia com rigor e transparência — ou se curva à política do espetáculo parlamentar.

Folha de Brasília, Da redação.

Foto: Reprodução/Congresso