Foto: Agafoto – Agência Gaúcha de Fotografia / IA
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O Marketing da Toga: quando o Judiciário mergulha na superexposição

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O Marketing da Toga: quando o Judiciário mergulha na superexposição

O Poder Judiciário brasileiro parece ter trocado a discrição das decisões pela busca constante por visibilidade. Antes um guardião silencioso da Constituição, agora frequenta manchetes e redes sociais. Ministros gravam vídeos e fazem aparições públicas, mostrando mais interesse em aparecer do que em manter a discrição. Falam menos por seus atos e mais sobre eles.

A discrição era uma marca forte do Judiciário, que sabia se reservar. Hoje, vemos mais autopromoção e menos elegância nos ritos da justiça. Essa exposição excessiva funciona como um vírus que desequilibra a relação entre discrição e responsabilidade. O tribunal se aproxima do palco, e o juiz vira uma espécie de influencer togado, preocupado tanto com a Constituição quanto com a repercussão midiática.

Essa superexposição transforma julgamentos em capítulos de série política. A toga, símbolo de rigor e distanciamento técnico, passa a ser um figurino para quem busca holofotes. A força institucional é reduzida à performance, e a autoridade perde seu peso.

É preciso reencontrar o valor do silêncio e da contenção, especialmente no Judiciário. A autoridade de um juiz se mede pela firmeza e discrição, não pela frequência de aparições. Justiça não precisa de curtidas para ser justa. Poder que se explica demais se desgasta, e a confiança nasce no recato, não no espetáculo midiático.

Por, Cristovão Pinheiro