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Passageiros da agonia, o perigo nosso de cada dia nos ônibus de Brasília

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Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Transporte público, insatisfação coletiva. Os órgãos fiscalizadores em Brasília batem recorde de reclamações, e na justiça amontoam-se processos devido a acidentes que tem como causa, desde a imprudência dos motoristas e os veículos sucateados, até a má seleção e problemas com stress desses profissionais. Casos que tem consequências graves, com vítimas, que após os acidentes ficam com sequelas ou em casos mais extremos vem à óbito.

Já não é de hoje, que as reclamações a respeito do transporte público rodoviário no Distrito Federal e no entorno são constantes por parte dos usuários em geral. A novidade é que o foco das reclamações mudaram, se até a sete anos atrás mais ou menos, as ouvidorias e os processos na justiça se concentravam em tratar de assuntos a respeito da má qualidade da prestação desse serviço quanto aos veículos sucateados, vias inadequadas e horárias que quase sempre não eram, e não são cumpridos, agora cada trabalhador da cidade, usuário desse tipo de transporte, tem  que se preocupar também, com o imenso número de acidentes causados pelos motoristas desses veículos, que frequentemente tem transformado passageiros em vítimas, e segundo apurado os motivos são variados mas na sua maioria tem havido a constatação de irresponsabilidade, imperícia, imprudência e segundo vários trabalhos de pesquisas pelo Brasil também, um alto nível de estresse.

Um desses casos é o da senhora Aldeneide Silva (Bancária), moradora da Asa Norte, que foi acidentada no último Janeiro (19), após sair do trabalho também no Setor Norte da cidade por volta das 18h00, pegou um micro ônibus, os famosos “zebrinhas” em direção a sua residência. A passageira relatou que durante todo o percurso de um pouco mais de quinze minutos o motorista, quando solicitado da parada do veículo sempre o fazia com freadas bruscas, fazendo com que todos dentro do micro ônibus se desequilibrassem quase vindo a cair. Esse mesmo, foi o caso dela que ao chegar em seu destino relata que, com medo de que o motorista arrancasse com o veículo antes que ela pudesse terminar sua descida, já desequilibrada com a parada brusca do ônibus, deu passos em falso nos degraus da escada do veículo vindo cair do último degrau diretamente no asfalto, o que ocasionou uma fratura exposta em seu braço esquerdo. Depois disso, como a senhora continuou a informar, o motorista de modo indiferente não a socorreu, apenas desceu do ônibus interessado em colher nomes de prováveis testemunhas que o isentasse de futura responsabilidade pelo ocorrido.

Segundo o que foi apurado a passageira foi socorrida por populares na parada de ônibus, que chamaram o  Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), que por sua vez a encaminhou para o Hospital de Base, onde foi submetida a cirurgia de emergência, na tentativa de reconstrução dos ossos  que foram partidos em seu braço com o choque da queda.

Hoje, cerca de seis meses depois do ocorrido o que se sabe é que a senhora ainda não se recuperou desse grave acidente, não tendo vislumbre algum por parte dos médicos quanto a recuperação os movimentos dos dedos ou do braço ou previsão de alta para o seu caso. Ainda assim disse a senhora: “ Nada foi feito por parte da empresa ao qual o veículo e o empregado pertencem, nem mesmo uma única ligação”.

Todos os dias são vários os casos, e a cada momento novos acidentes com várias causas e horríveis consequências, até mesmo óbitos, engrossam as estatísticas. Pesquisas recentes do Departamento de Trânsito (Detran) dão conta de que diariamente 42,2 veículos do tipo coletivo, são pegos pela fiscalização humana ou eletrônica descumprindo algum artigo do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O que só vem a comprovar que transitar de ônibus pela cidade inspirada diáriamente mais e mais cuidados por parte de quem depende desse tipo de transporte.

A justiça em ação.

A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) informou através do seu site, que no último dia 27 de Abril, a 1ª Vara Cível, de Família e de Órfãos e Sucessões de Brazlândia condenou a (COOTARDE) Cooperativa de Transporte Alternativo do Recanto das Emas a pagar a uma idosa que fraturou  a coluna por causa de uma freada brusca do ônibus em 2011, o valor de R$ 19 mil a título de indenização por danos materiais e R$ 20 mil, em compensação por danos morais.

Com isso, acreditasse que os usuários já possam sentir algum alívio e amparo por parte da justiça, pois essa foi uma grande vitória em termos gerais, para que as empresas não saiam impunes e os usuários que precisam todos os dias contar com esse serviço fiquem menos fragilizados, posto que àqueles que foram vitimados, já terão depois de acidentados que lidar com os dramas dos danos causados à saúde e os prejuízos financeiros oriundos de tratamentos, devido a possíveis sequelas físicas e psicológicas causadas pelo trauma.

Alguns órgãos ligados a classe dos rodoviários e também as empresas foram contactados para relatarem sua posição oficial sobre o tema, mas não se pronunciaram até o fechamento da matéria.

Por, Aline Diniz
Colunista/ Jornalista da Folha de Brasília