A decisão do governo federal de enviar 20 peritos da Polícia Federal ao Rio de Janeiro para reforçar as investigações e análises periciais nas ações de combate ao crime organizado é uma resposta necessária ao avanço da violência que há meses coloca o estado em permanente estado de tensão. O reforço técnico vem após sucessivas operações das forças de segurança e episódios de confrontos que deixaram um rastro de insegurança, especialmente nas zonas norte e oeste da capital fluminense.

O envio dos peritos representa um reconhecimento de que o enfrentamento ao crime não se faz apenas com fuzis e tropas, mas também com inteligência e provas sólidas. A perícia é o elo que transforma a ação policial em resultado judicial — sem ela, investigações perdem força e criminosos voltam às ruas. Ao priorizar o apoio técnico, o governo sinaliza uma tentativa de profissionalizar as operações, reduzindo arbitrariedades e ampliando a transparência dos processos.

Entretanto, o reforço pontual da perícia não substitui o desafio estrutural: o Rio precisa de uma política de segurança integrada, capaz de unir polícia, Ministério Público, Judiciário e políticas sociais. A presença de peritos federais é um alívio momentâneo, mas o problema é crônico — alimentado pela desigualdade, pela corrupção e pelo poder paralelo nas comunidades. Se o reforço técnico não vier acompanhado de planejamento e continuidade, corre o risco de ser mais um capítulo de reação emergencial em uma crise que exige reconstrução institucional.

Da Redação, Folha de Brasília

Foto: Polícia Federal/divulgação