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Proposta de expansão de combustíveis sustentáveis é avanço estratégico, mas ainda carece de realismo econômico

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Proposta de expansão de combustíveis sustentáveis é avanço estratégico, mas ainda carece de realismo econômico

O anúncio do plano brasileiro para quadruplicar a produção de combustíveis sustentáveis até o fim da próxima década representa um passo ousado rumo à transição energética, mas também levanta dúvidas sobre viabilidade técnica e coerência entre discurso ambiental e prática industrial. A iniciativa, liderada pelos ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente, busca projetar o Brasil como protagonista global na bioenergia e nos combustíveis de aviação verde — setores que, de fato, oferecem grande potencial de crescimento.

Contudo, o desafio é transformar promessa em política concreta. O país ainda carece de uma estrutura industrial sólida para refino verde, enfrenta gargalos logísticos graves e depende de subsídios para tornar o biocombustível competitivo frente ao petróleo. A matriz energética brasileira é reconhecida por seu caráter renovável, mas o investimento público e privado ainda se concentra em modelos tradicionais. Enquanto isso, países como Estados Unidos e Alemanha já operam políticas consistentes de incentivo à produção de hidrogênio verde e SAF (combustível sustentável de aviação), com metas amarradas a compromissos climáticos e mecanismos de financiamento estáveis.

O plano brasileiro pode — e deve — ser visto como uma oportunidade de reposicionar o país no cenário global de energia limpa, desde que haja seriedade na execução. Mais do que anúncios ambiciosos, é necessário planejamento regulatório, metas verificáveis e segurança jurídica para atrair investidores. A transição energética não se faz com slogans, mas com políticas de longo prazo. O Brasil tem potencial para liderar essa nova era — o que falta é transformar discurso em ação e estratégia em resultado.

Da redação, Folha de Brasília

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil