Foto: Reprodução/Rede Amazônica
Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Rio Solimões enfrenta a maior seca de sua história e atinge menor nível no Amazonas

O Rio Solimões registrou na sexta-feira (30) seu nível mais baixo desde o início das medições, atingindo -0,94 metro em Tabatinga, no Alto Solimões, interior do Amazonas. Essa medição, realizada diariamente pelo Serviço Geológico Brasileiro (SGB) desde o final da década de 1970, indica a seca mais intensa em pelo menos quatro décadas.

O Rio Solimões é dividido em três segmentos em sua trajetória pelo Amazonas: Alto, Médio e Baixo Solimões. O trecho do Alto Solimões, onde ocorreu a marca histórica de nível mais baixo, é a entrada do rio no Brasil. A redução do nível das águas nesta região é um sinal de que, nos próximos dias, a queda deve se estender para outras partes do rio.

Nas últimas 24 horas, o nível das águas baixou mais 16 centímetros. Devido à gravidade e atipicidade da situação, o SGB planeja instalar uma nova régua de medição para acompanhar a cota até -2 metros, algo sem precedentes. As duas menores cotas anteriores foram registradas em outubro de 2010 e 2022, com -0,86 metro e -0,76 metro, respectivamente.

A seca já causa impactos significativos na vida de comunidades locais, podendo até isolar municípios como Benjamin Constant e Atalaia do Norte, que dependem do rio para o transporte de alimentos e suprimentos. O governo do Amazonas decretou situação de emergência em todos os 62 municípios, estimando que a seca de 2024 pode ser tão grave quanto a do ano anterior.

Mais de 300 mil pessoas foram diretamente afetadas, e cerca de 730 toneladas de alimentos foram distribuídas em resposta à crise. A ajuda humanitária inclui o envio de medicamentos e insumos para regiões mais afetadas e a instalação de equipamentos médicos em municípios necessitados. A bacia do Rio Solimões, um dos principais sistemas fluviais do Amazonas, depende diretamente das chuvas nos Andes e está sofrendo com mudanças climáticas severas, que agravam a situação atual.