Na tarde desta terça-feira (27), o ex-policial Ronnie Lessa participou de um depoimento virtual no Supremo Tribunal Federal (STF). Seu advogado, Saulo Carvalho, pediu que os demais réus se retirassem da videoconferência, permitindo apenas a presença dos advogados. O juiz Airton Vieira, que conduz a audiência, acatou o pedido e perguntou a Lessa se ele estava disposto a compartilhar informações com os advogados dos outros réus. Lessa manifestou a necessidade de um “pacto de silêncio” devido à delicadeza do caso e à alta periculosidade dos envolvidos.
Este foi o primeiro depoimento de Lessa diante dos réus, ainda que virtualmente, que inclui figuras como Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), e Chiquinho Brazão, deputado federal, todos acusados de envolvimento na morte de Marielle Franco. Outros réus incluem Rivaldo Barbosa, delegado da Polícia Civil do RJ, Ronald Paulo Alves Pereira, major da PM do RJ, e Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe. Todos estão detidos, com exceção do major Ronald, que já estava preso por outras razões.
Lessa é um dos principais acusados no caso da execução da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março de 2018. No seu acordo de colaboração premiada, Lessa implicou os irmãos Brazão e o deputado Chiquinho como mandantes do crime e afirmou que Rivaldo Barbosa tinha conhecimento da execução, garantindo assim a impunidade no processo investigativo.
A expectativa é que Lessa reforce os pontos de sua delação premiada durante o depoimento. Ele já havia começado a detalhar seu conhecimento dos irmãos Brazão, que remonta há duas décadas. Após Lessa, o promotor Olavo Pezzotti da Procuradoria Geral da República fará os questionamentos, seguidos pelos advogados das famílias de Marielle e Anderson.
Além disso, há novos desenvolvimentos no caso, como a recente colaboração de Élcio de Queiroz, o motorista do Cobalt, que confirmou a participação de Lessa no crime. A esposa de Lessa, Elaine, também revelou que ele esteve fora durante a noite do assassinato, apesar de suas alegações anteriores de que estava em casa. O caso também revela que Lessa fez pesquisas sobre Marielle e sua filha em um site de consultas cadastrais. Após o depoimento de Lessa, Élcio de Queiroz será ouvido, e as defesas dos réus poderão apresentar novas testemunhas ou solicitar diligências. Recentemente, Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe, foi internado com problemas de saúde relacionados a uma úlcera.