Nas eleições municipais de 2024, a segurança pública aparece como um tema relevante, mas não influencia tanto na avaliação dos prefeitos quanto outros assuntos mais diretamente relacionados à gestão municipal, como saúde, transporte e zeladoria. Uma pesquisa realizada pela consultoria Quaest em agosto, em 24 capitais, revelou que, embora a segurança seja uma grande preocupação para os eleitores em algumas cidades, isso não tem pesado tanto na percepção de desempenho dos prefeitos.
Em capitais onde a segurança é vista como o principal problema, a média de aprovação dos prefeitos é de 53,7%. Já nas cidades onde a saúde ocupa o primeiro lugar nas preocupações, esse índice cai para 51,6%. Quando o tema principal é o transporte público, a avaliação positiva dos prefeitos é de 38,5%, e nas cidades onde a zeladoria lidera, a média é ainda menor, de 36%. Esses dados sugerem que, embora a segurança seja uma questão relevante, os eleitores parecem entender que a responsabilidade sobre ela não recai diretamente sobre os prefeitos.
O diretor da Quaest, Felipe Nunes, aponta que essa distinção demonstra um amadurecimento do eleitorado, que está mais consciente das atribuições específicas dos prefeitos. Quando a zeladoria, um tema tipicamente local, é o foco principal, as administrações recebem avaliações mais baixas, o que indica que os eleitores cobram mais desses gestores em áreas sob seu controle direto.
Em cidades onde a segurança é a maior preocupação, a maioria dos prefeitos que buscam a reeleição lidera a corrida eleitoral. Por exemplo, em Manaus, o atual prefeito David Almeida está à frente com 37% das intenções de voto. Já em São Paulo, a disputa é mais acirrada, com um empate técnico entre Ricardo Nunes, Pablo Marçal e Guilherme Boulos. De forma semelhante, em capitais onde a saúde domina as preocupações, prefeitos como João Campos, em Recife, e Eduardo Braide, em São Luís, lideram isoladamente.
Nas capitais onde o foco é transporte público ou zeladoria, os prefeitos têm maior dificuldade em se destacar nas pesquisas eleitorais. Em Florianópolis e Belo Horizonte, onde o transporte público é a principal questão, nenhum dos prefeitos lidera com folga. Essa tendência reforça a ideia de que os eleitores cobram mais dos gestores locais em áreas que acreditam ser diretamente de responsabilidade municipal.