A Justiça de São Paulo decidiu, nesta quinta-feira (14), interromper novamente a construção do Complexo Viário Sena Madureira, na Vila Mariana, Zona Sul da capital, além de suspender o corte de árvores. A decisão foi resultado de uma ação movida pela Associação de Moradores da Comunidade Souza Lopes, com o apoio do deputado Eduardo Suplicy (PT) e da vereadora Luna Zarattini (PT), que tiveram pedido negado em primeira instância, mas agora favorecido pelo desembargador Paulo Ayrosa, que argumentou haver dúvidas sobre uma possível nascente natural na área.
Caso a decisão judicial não seja respeitada, foi estabelecida uma multa diária de R$ 100 mil, podendo chegar a R$ 5 milhões. Além disso, o desembargador anulou o contrato da obra até que órgãos ambientais se manifestem sobre as questões ecológicas. Essa determinação segue outra decisão da Justiça, de quarta-feira (13), que também havia suspendido a obra e o desmatamento na área.
Durante um evento, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) expressou insatisfação com a ordem judicial, declarando que, embora vá cumprir a decisão, discorda da forma como o processo está sendo conduzido. A prefeitura argumenta que a área não é de preservação permanente, diferente do que alegam os moradores e ativistas, e contesta a existência de nascentes, embora registros antigos indiquem a presença do Córrego Embuaçu.
As obras para o complexo viário, iniciadas no começo de novembro, incluem a construção de dois túneis e o corte de 172 árvores, visando melhorar o tráfego na região. No entanto, essa intervenção está sendo amplamente contestada por moradores e ambientalistas, que consideram a área um corredor ecológico essencial entre os parques Ibirapuera e Aclimação. Também há preocupação com a remoção de cerca de 150 famílias de comunidades locais, que afirmam não ter sido informadas previamente sobre o projeto.
A Prefeitura afirma que as famílias impactadas terão opções de indenização ou realocação e que plantará 266 novas árvores para compensar o desmatamento. Contudo, moradores e ativistas contestam a legalidade ambiental da obra e questionam a falta de transparência e medidas de preservação, especialmente considerando que a região foi classificada como Zona de Proteção Ambiental (ZEPAM) pela revisão da Lei de Zoneamento.