Neste sábado (20), completam-se dois anos que as atividades da Telexfree no Brasil foram suspensas por determinação judicial, a pedido do Ministério Público do Estado do Acre.
A empresa começou a atuar no país em março de 2012, vendendo planos de minutos de telefonia pela internet (VoIP), e é investigada por suspeita de pirâmide financeira. A prática é proibida no Brasil e configura crime contra a economia popular (Lei 1.521/51).
A empresa também diz que uma perícia realizada foi “parcial”.
Com promessas de grande retorno em pouco tempo, os esquemas de pirâmide financeira são considerados ilegais porque só são vantajosos enquanto atraem novos investidores. Assim que os aplicadores param de entrar, o esquema não tem como cobrir os retornos prometidos e entra em colapso.
A Ympactus, que representa a Telexfree no Brasil, nega a acusação e afirma que trabalha com “marketing multinível”, baseado na distribuição de produtos e serviços por meio da indicação de distribuidores independentes, que recebem um bônus por isso.
A empresa está proibida de realizar novos cadastros de clientes (chamados de “divulgadores”), bem como está impedida de efetuar pagamentos aos clientes já cadastrados, até o julgamento final do caso.
Somente no Acre, cerca 700 mil pessoas aderiram ao negócio, segundo estimativa do Ministério Público Estadual (MPE/AC). Isso significa que, de cada dez moradores do Acre, um virou divulgador da Telexfree.
Processos na Justiça e laudo questionado
Há processos contra a Ympactus e a Telexfree correndo em vários Estados brasileiros.
Em julho do ano passado, a Justiça bloqueou os bens dos donos da empresa no Espírito Santo.
Em janeiro deste ano, o Ministério Público Federal do Espírito Santo denunciou os sócios-administradores da Telexfree no Brasil, Carlos Roberto Costa e Carlos Nataniel Wanzeler, pelo desenvolvimento de atividades clandestinas de telecomunicações no país.
Em fevereiro, a empresa de consultoria Ernst & Young apresentou à Justiça umaperícia independente sobre as atividades da Ympactus. Agora, a Ympactus pede que a consultoria seja afastada do caso, e que outra empresa independente seja contratada para produzir o laudo.
Processos nos EUA
A empresa foi formalmente acusada nos EUA de atuar sob um esquema de pirâmide financeira, com foco em imigrantes brasileiros e dominicanos nos EUA, e teve seus bens bloqueados. O esquema teria movimentado US$ 1,1 bilhão no mundo, segundo a acusação.
Nos EUA, um dos seus fundadores, o norte-americano James Merrill, foi preso em Massachusetts (sede da Telexfree nos EUA) e encontra-se em prisão domiciliar, acusado de comandar o esquema ao lado do brasileiro Carlos Wanzeler.
Wanzeler que morava em Massachusetts está no Brasil, segundo seu advogado, e é considerado foragido nos EUA.