Mais do que nunca na atual temporada, o Corinthians entra em campo inspirado em suas categorias de base. Nesta quarta-feira, a partir das 22h, contra o Fluminense, na Arena, o clube estreará seu novo uniforme laranja – uma homenagem à cor do já extinto Terrão do Parque São Jorge. Quis o destino que, justamente nesse dia de festa, a equipe entrasse em campo com a maior quantidade de pratas da casa entre todos os jogos disputados em 2015: Fagner, Guilherme Arana, Marciel e Malcom estão escalados.
“Enquanto técnico, responsável, professor de educação física, pai, dou oportunidade quando o atleta está preparado, não só lanço para ter no meu currículo. Todos que entram sob meu aval, no meu entender, estão preparados”, disse Tite.
O recorde de garotos formados na base em campo no ano será batido num momento em que a formação de jovens atletas ganha importância no Timão. Em meio aos pedidos da torcida, a diretoria se comprometeu a promover maior integração entre os mais jovens e o time profissional. O próprio treinador também já havia sinalizado maior atenção os talentos do Terrão.
Terrão, não. Extinto Terrão. O campo de terra batida localizado no Parque São Jorge era utilizado para testes e treinos das categorias de base desde a década de 80. Em 2008, passou por uma modernização e ganhou grama sintética. Mas não se engane: há quem sinta saudade.
“O Terrão foi muito importante, porque eu praticamente convivi com os três campos que tinham ali: o campo de areia, o de terra e o terrão da parte técnica mais pequenininho ao fundo. Tecnicamente também me ajudou, como era terrão, era muito irregular, então você tinha que ser bom mesmo” contou o ex-volante alvinegro Zé Elias, ao LANCE!.
E coitado quem pensa que a fama do Terrão se restringe aos corintianos. O então berço de jovens talentos já ganhou o mundo…
“Um treinador que tive na França disse pra mim que brasileiro é bom de bola porque treinava a vida toda nesses campos ruins do Brasil e depois se dava bem nos tapetões na Europa. E olha: a baixa qualidade do Terrão é algo que a gente deixava de lado. Estávamos é contentes de treinar no Corinthians”, lembrou Marcelo Djian, ex-zagueiro do Timão e do Lyon (FRA), em conversa com a reportagem.
Logo mais, no jogo desta quarta, a expectativa é que as camisas dos corintianos não esteja somente suja de suor. Mas também de terra.
Pratas da casa contra o Fluminense
Fagner
Formado nas categorias de base do Corinthians entre 2005 e 2006, o lateral-direito foi um dos últimos atletas de destaque a passar pelo Terrão antes da modernização. Hoje com 26 anos, ele passou por PSV (HOL) e Wolfsburg (ALE), além do Vasco, antes de retornar ao Timão, onde é titular desde 2014.
Guilherme Arana
Com apenas 18 anos, o lateral-direito foi promovido ao elenco profissional no ano passado, pelo técnico Mano Menezes. Sem espaço no Timão, foi emprestado em abril de 2015 ao Atlético-PR. Com a saída de Fábio Santos, o clube solicitou sua volta. Arana fez seu único jogo como titular contra o Avaí, há duas semanas.
Marciel
Com 20 anos, o volante foi um dos principais jogadores da vitoriosa campanha da Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano. Foi promovido por Tite ao elenco profissional, mas só disputou 26 minutos em partidas oficiais, mesmo diante de pedidos da torcida. Hoje à noite, ele estreará como titular no time.
Malcom
O atacante tem apenas 18 anos, mas no ano passado, quando tinha 17, foi promovido por Mano Menezes e tornou-se titular do Corinthians ao longo do Brasileirão daquela temporada. Com Tite, o camisa 21 ganhou mais espaço após as saídas de Emerson Sheik e Guerrero. Atualmente é titular absoluto.
O que pensam ex-jogadores sobre Arana e Marciel
Wladimir, ex-lateral-esquerdo do Corinthians
“O que eu diria para o Arana é que essa é a oportunidade da vida dele de jogar como titular, vai depender da atuação dele dentro de campo, ele tem que entrar com essa consciência. Eu me lembro que eu joguei com costela quebrada, tornozelo inchado, porque meus reservas eram muito bons. Tinha o Ronaldo que tinha vindo da base do Corinthians, o Claudio Mineiro, que era um touro, um avião… Eu sabia que, se eu desse mole eu perderia a posição. Então entrava com essa perspectiva de consolidar minha posição como titular.”
Zé Elias, ex-volante do Corinthians
“Marciel tem a perna esquerda muito forte, não sei se já adquiriu essa força no profissional. Mas ele tinha (na Copa São Paulo de Futebol Júnior) muita força pra marcar e chegar ao ataque. Ele é bom jogador, joga com a cabeça erguida, entende? Tem traços de jogador de futebol de salão, isso é bom porque consegue enxergar todo o campo, tem jogador que não consegue enxergar além do pé com a bola. Fico contente em saber que ele terá uma chance. Pode ser o começo de uma longa trajetória dele no Corinthians.”
Fonte: Terra