Há quem acredite que sorrir é o melhor remédio. O grupo Nariz de Palhaçoadotou a teoria e duas vezes por mês tenta arrancar dos pacientes do Hospital Regional de Planaltina um riso que sirva como alívio para a dor. A equipe, com aproximadamente 15 pessoas, desenvolve o trabalho na unidade há cerca de um ano e é uma das dezenas que doam tempo aos atendidos na rede pública de saúde do Distrito Federal.
Eles dedicam uma hora e meia de palhaçadas, brincadeiras e palavras de conforto não apenas a quem está doente. O carinho da atividade também atinge em cheio os acompanhantes e quem está ali a trabalho, como médicos, enfermeiros e vigilantes. “Os servidores já chegam para falar com o paciente com o humor diferente e melhor”, explica o assistente da Coordenação de Voluntariado do hospital, Josias Bezerra. A visita ocorre em quase todo o hospital, com exceção de áreas isoladas, como a Unidade de Terapia Intensiva e a maternidade.
Josias conta que o riso não traz apenas benefícios imediatos. A gargalhada, segundo ele conta, pode acelerar a cura. “Já existem pesquisas científicas comprovando que a duração da endorfina liberada na risada é longa e melhora o sistema imunológico.” Isso aumenta a absorção dos medicamentos, por exemplo.
Existem pesquisas científicas comprovando que a duração da endorfina liberada na risada é longa e melhora o sistema imunológico. Isso aumenta a absorção dos medicamentosJosias Ribeiro, coordenador de voluntariado do Hospital Regional de Planaltina
Gerlândia Lima Braga, de 35 anos, se emocionou com a música que o palhaço Mondrongo tocava no violino. A pedagoga e psicóloga está acompanhando desde o dia 23 o irmão doente no hospital e diz que o sentimento pela iniciativa é de gratidão. “Já quero levá-los para a escola onde trabalho. As crianças também vão amar.” O grupo também atende, voluntariamente, locais como escolas públicas, asilos e casas de passagem.
Cadastramento do voluntariado
A Gerência de Voluntariado da Secretaria de Saúdeagora trabalha para cadastrar todas as iniciativas e mensurar quantos grupos se prestam a ajudar de alguma forma os pacientes da unidade. Há quem se ofereça para celebrar cultos ou missas, quem doe roupas, sapatos e alimentos e pessoas que visitam as instalações para tentar de perto melhorar a rotina dos doentes. “Para fazer a caridade, basta ter amor”, resume o coordenador do Nariz de Palhaço, Marcelo dos Santos Martins, de 46 anos — ou palhaço Amarelo.
O gerente do setor, Cristian da Cruz Silva, conta que existem grupos que fazem trabalhos esporádicos e outros que já integram a rotina de um ou mais hospitais. Alguns, inclusive, já são cadastrados, como no caso da entidade Viva e Deixe Viver, com sede em São Paulo e representação em Brasília.
São 12 associações cadastradas, ligadas diretamente a hospitais como o de Base, o da Asa Norte, o de Sobradinho, o de Apoio e o do Gama. No caso da Viva e Deixe Viver, são voluntários capacitados pela própria instituição para contação de histórias. Em Brasília, eles visitam o Hospital Regional de Ceilândia e o Hospital Materno Infantil.
Fonte: Agência Brasília