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Zoológico de Brasília usa acupuntura e laser para tratar animais doentes

Usados com eficácia em pessoas, a acupuntura e o laser apresentam resultados positivos também em animais silvestres. A Fundação Zoológico de Brasília aposta nessas terapias para complementar procedimentos convencionais no tratamento dos bichos. Um acordo de parceria com dois veterinários acelera a recuperação dos moradores do local.

Diretor do Hospital Veterinário da Fundação Jardim Zoológico, Rafael Bonorino enfatiza que os resultados têm sido notórios: “A arara não tinha pena alguma, e já é possível ver que a penugem está crescendo novamente”. O médico reforça que os métodos são complementares e ocorrem uma vez por semana. Para o diretor, quanto mais especialidades houver, mais rápida e eficaz é a recuperação da fauna local.

Problemas comportamentais
Há dois anos fazendo acupuntura em animais e há um ano no zoológico, o voluntário Rodrigo Fagundes, de 42 anos, contabiliza que, em 84% dos casos, o tratamento atinge a cura. O restante segue em constante evolução. O veterinário destaca ainda que, devido à pouca influência do homem na vida desses exemplares silvestres, são necessárias menos sessões do que em bichos domésticos.

“A técnica é a mesma aplicada às pessoas”, informa Fagundes: “Em alguns casos, as agulhas de aço cirúrgico precisam ser adaptadas devido à variação do tamanho das espécies”. É possível tratar problemas oftalmológicos, ósseos, renais, cutâneos, respiratórios e musculares, seja em um elefante, seja em uma pequena ave. Entre os que já passaram pela terapia e retornaram ao recinto de visitação, destaque para macaco-prego, lobo-guará, tigre fêmea e aves.

Uma arara-canindé com problemas de comportamento — incapaz de conviver com outros da mesma espécie e avessa ao contato humano; uma perdiz lesionada na cabeça e uma lhama com o peito ferido são pacientes no tratamento com as agulhas e também com luzes especiais e ondas de choque.

Emissões de laser
Responsável pela reabilitação a laser, a veterinária voluntária Manuela Marques, de 28 anos, percebe avanços significativos em pouco mais de um mês na fundação. Segundo ela, o procedimento é de 40% a 50% mais eficaz nos animais em comparação a procedimentos com medicação ou intervenção cirúrgica. “Eles não sentem dor durante a emissão de laser, apenas um incômodo inicial que acaba rapidamente”, destaca Manuela, que trabalha com os mesmos aparelhos usados em pessoas.

O foco dessa metodologia são lesões agudas e crônicas. O primeiro caso se refere a feridas, fraturas e demais escoriações que aconteceram há pouco tempo. No outro, os problemas são recorrentes e com grandes dificuldades de cicatrização.

O único momento de tensão é quando o paciente precisa ser contido ou sedado pelos tratadores. Porém, existem protocolos específicos a serem seguidos no manuseio de cada espécie durante essas ações. As medidas garantem tanto a integridade dos bichos quanto a dos profissionais.

Por determinação da direção, os trabalhos são regularizados por meio de contrato para que haja, entre outras normas, regularidade no atendimento e ambulatório exclusivo. “Todos ganham com essa parceria”, resume Rafael Bonorino. “O Estado por não ter custo, os profissionais por aperfeiçoarem as técnicas e mostrarem o trabalho, e principalmente os animais pela pronta recuperação.”

Agência Brasília