Em plena Capital Federal histórias estarrecedoras envolvendo a rede de saúde pública do Distrito Federal protagonizam verdadeiros dramas na vida de famílias que usam e necessitam do sistema.
Que o sistema público de saúde do Distrito Federal de diversas formas deixa a desejar no atendimento à população, infelizmente já não é mais novidade. A lamentável “novidade” agora, é que ainda que se trate de casos de extrema urgência e até com decisões da justiça favoráveis ao paciente já proferidas, àqueles que deveriam primar pela saúde e mais ainda, pela vida da população mesmo podendo, se neguem a fazê-lo. É o caso pelo qual está passando um bebê de apenas 5 meses e 20 dias, que nasceu com craniostenose (fechamento precoce da moleira) e que por isso, está necessitando com urgência de uma delicada cirurgia para sobreviver. O que segundo o relato dos próprios médicos aos pais da criança, só poderá ser feito com maior segurança e eficácia até o sexto mês de vida do menor pois, a partir disso, ele passa a correr sério e iminente risco de morte.
Os pais da criança sr. Jean Lima e sra. Raquel Rocha, moradores de Ceilândia Sul, cidade satélite de Brasília, assim que souberam da situação do filho, buscaram ajuda na rede pública do DF para a marcação da cirurgia, porém ao se depararem com a indiferença dos médicos que os atenderam, e como o caso é de extrema urgência, resolveram apelar para justiça que nesse caso, foi bem mais solidária, solicita e célere em atender o pedido de tutela de urgência protocolado na 8ª Vara de Fazenda Pública pelo advogado que os representa, Dr. Aldeir Silva, e prontamente deferido pela juíza no último dia 1º de Dezembro. Já no dia seguinte, última sexta-feira (02/12) a sra Raquel se dirigiu com o bebê ao Hospital da Criança José Alencar (HCB), que fica próximo ao setor militar urbano, para uma consulta de encaixe em caráter de emergência que conseguiu, afim de que fosse determinada a data da cirurgia, uma vez que, a juíza ciente da gravidade do caso, já havia determinado o imediato cumprimento da liminar que garante o procedimento que salvará a vida do pequeno Vinicius.
Segundo fontes, o que correu depois disso foi um show de negligencia e desídia por parte de vários servidores do Hospital da Criança, pois mesmo diante de um caso tão dramático e depois de horas aguardando na fila com o bebê no colo, de modo inesperado e surpreendente a sra. Raquel foi chamada pela sra. Amanda, funcionária do (HCB) para ser informada que por determinação da ouvidoria do hospital, em virtude dela ter entrado na justiça teria que aguardar os trâmites do processo até o final, e que por isso ela e o bebê não seriam sequer atendidos pelo Dr. Márcio, médico que estava fazendo o atendimento pediátrico do dia, muito menos conseguiriam fazer valer seus direitos e ainda mais, a decisão judicial que estipulou à secretária de saúde do DF e ao Hospital da Criança através do seu corpo clinico a súbita marcação e execução da cirurgia de crânio da qual a criança tanto necessita.
Passados cinco dias da sentença de cunho urgente e imediato o descumprimento é o que ainda vigora, o que deixa os pais em situação de grande aflição pois, correm contra o tempo para que a criança faça a cirurgia antes de completar seis meses de vida o que gar
ante maiores chances de sobrevivência do bebê. Assim sendo, para que essa inocente vida não venha a se tornar apenas mais um número nas fatídicas estatísticas de mortes infantis por descaso no sistema de saúde pública do Distrito Federal, o advogado que acompanha o caso doutor Aldeir Silva decidiu protocolar hoje (07/12), uma petição contra o DF pois é o responsável, através da secretaria de saúde em fazer cumprir a determinação judicial até então negligenciada, no pedido o advogado solicita a juíza da 8ª vara de fazenda que haja maior rigor em medidas que venham a garantir o cumprimento da liminar deferida desde a última quinta- feira (01/12), dentre essas medidas, está o pedido de expedição de mandado de prisão contra o atual secretário de saúde do Distrito Federal o Sr. Humberto Lucena, responsável direto pela secretaria de saúde do DF, a ação visa que esse caso tão delicado e emergencial seja tratado com o devido zelo, rapidez e importância que ele requer.
Por, Aline Diniz
Colunista/ Jornalista da Folha de Brasília.