O Carrefour anunciou na última quarta-feira (20) que deixará de comercializar carne proveniente do Mercosul, decisão divulgada pelo CEO global da empresa, Alexandre Bompard, em suas redes sociais. O comunicado, direcionado ao presidente do sindicato de agricultores franceses, Arnaud Rousseau, ocorre em meio a protestos de agricultores contra o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que, segundo os franceses, poderia aumentar a competitividade de produtos agrícolas sul-americanos na Europa.

A reação no Brasil foi imediata. Frigoríficos como JBS, Marfrig e Masterboi suspenderam o fornecimento de carne bovina ao Carrefour e suas subsidiárias no país. A Federação das Associações Rurais do Mercosul repudiou a decisão, classificando-a como arbitrária e prejudicial à imagem do setor agropecuário da região. Em nota, destacaram que a produção agrícola no Mercosul é pautada pela sustentabilidade e altos padrões de qualidade.

O acordo entre o Mercosul e a UE, cuja negociação se arrasta há mais de 20 anos, prevê redução de tarifas de importação e exportação, incluindo produtos agrícolas. Apesar do impacto limitado da França nas exportações brasileiras de carne bovina – representando apenas 0,66% do total enviado à União Europeia –, o movimento do Carrefour acendeu debates sobre protecionismo e comércio internacional. O governo brasileiro espera que o tratado seja finalizado na próxima cúpula do Mercosul em dezembro.

Essa não é a primeira controvérsia envolvendo empresas francesas e o setor agropecuário brasileiro. Recentemente, a Danone foi alvo de críticas por supostamente ter suspendido compras de soja brasileira, informação posteriormente desmentida. No caso do Carrefour, o grupo brasileiro afirmou buscar soluções para retomar o abastecimento de carne em suas lojas, reforçando sua parceria histórica com os produtores locais e o compromisso com o consumidor.