Foto: Ricardo Stuckert / PR
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Lula afirma que juros ainda estão altos: “Vamos continuar brigando”

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Lula afirma que juros ainda estão altos: “Vamos continuar brigando”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou suas críticas aos altos índices de juros no país e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante um evento em Fortaleza, na sexta-feira (1º). Lula expressou sua preocupação com as taxas de juros que ele considera elevadas, enfatizando que a luta continuará.

“É por isso que continuaremos a promover o crédito e a expandi-lo. Não acreditem que eu considere as taxas de juros baixas. Os juros ainda estão altos, pois 2,16% ao mês é significativo, quase 30% ao ano devido ao juro composto. Acredito que precisamos reduzi-los ainda mais. Claro, também não queremos quebrar o banco, pois é crucial que o banco seja lucrativo. Se isso acontecer, será prejudicial para todos nós – além de termos dívidas, não teremos um banco para emprestar.”

Lula destacou a importância de instituições financeiras públicas como a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o Basa, o BNB e o BNDES, afirmando que elas devem atuar de maneira diferente dos bancos privados. Ele enfatizou a necessidade de recursos para investimentos e de oferecer financiamentos a taxas de juros acessíveis. Lula também lembrou que Campos Neto foi nomeado durante o governo de Jair Bolsonaro e que o Banco Central age de forma independente.

“Não há mais interferência da Presidência da República, que costumava ter o poder de chamar o presidente do Banco Central para conversar. Este indivíduo, se está conversando com alguém, não sou eu. Ele deve conversar com quem o nomeou. E a pessoa que o nomeou não tomou medidas positivas neste país. Com o tempo, a sociedade brasileira vai descobrir isso”, concluiu Lula.

Juros médios

O BC tem registrado uma queda nos juros médios dos bancos nos últimos meses, de acordo com os dados. O pico das taxas ocorreu em maio, atingindo 38,2% ao ano no conjunto de recursos disponíveis para pessoas físicas. Para as empresas, o pico foi observado em janeiro, com juros atingindo 22,2%. Desde então, tem havido uma redução nas taxas mês a mês, com algumas flutuações, e uma desaceleração no crescimento em 12 meses.

No crédito livre, os bancos têm a autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e para definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Por outro lado, o crédito direcionado, com regras estabelecidas pelo governo, é direcionado principalmente para os setores habitacional, rural, de infraestrutura e microcrédito.

O comportamento dos juros bancários médios ocorre em um momento em que o mercado financeiro espera uma redução da taxa básica de juros da economia, a Selic, que atualmente está em 13,25% ao ano e é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC como o principal instrumento para atingir a meta de inflação.

Diante da forte queda da inflação, o Copom iniciou um ciclo de redução da Selic no mês passado. A última vez que o BC havia reduzido a Selic foi em agosto de 2020, quando a taxa caiu de 2,25% para 2% ao ano, devido à contração econômica causada pela pandemia de covid-19. Após isso, o Copom aumentou a Selic por 12 vezes consecutivas, começando em março de 2021, em resposta ao aumento nos preços de alimentos, energia e combustíveis. A partir de agosto do ano passado, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.

A previsão dos analistas é que a Selic caia para 11,75% até o final do ano, o que tem levado a uma redução na taxa de captação dos bancos, ou seja, no custo do crédito. Essa tendência de baixa tem sido observada desde abril, e em julho, a taxa de captação ficou em 11,3%. O aumento da taxa básica auxilia no controle da inflação, já que juros mais altos encarecem o crédito e incentivam a poupança, reduzindo a demanda aquecida.

Rotativo do cartão

No entanto, em julho, a taxa de juros no crédito rotativo do cartão de crédito aumentou novamente, atingindo 445,7% ao ano. O crédito rotativo é utilizado pelos consumidores quando não pagam o valor total da fatura do cartão e optam por parcelar o pagamento ao longo de 30 dias.

Essa modalidade de crédito apresenta uma das taxas mais elevadas do mercado, levando o Banco Central a considerar a possibilidade de encerrar o crédito rotativo do cartão de crédito.