Estratégia Política - Cristovão Pnheiro

Novas estratégias da propaganda política

É lugar-comum, repetição enfadonha, conhecimento popular de que quem está __ não diria propriamente no poder __, mas como administrador público, na administração pública, em cargo eletivo, portanto; sustentar que a administração/o governo está a mil maravilhas e que ficará ainda melhor. Por outro lado, naturalmente e costumeiramente, a oposição não se cansará de afirmar o contrário, apresentando os eventuais desmandos e criando fatos, ou aumentando os existentes, objetivando desqualificar o administrador; o que faz sempre de olho nas próximas eleições. Assim, os interesses contrapostos da situação e da oposição é princípio básico a guiar grande parte da propaganda política feita atualmente.

O que o candidato tem a aprender com isso é justamente tentar fugir desse ciclo vicioso e buscar meios de apresentar argumentos que justifiquem a sua qualidade como candidato e pretenso/futuro administrador público, evitando os ataques à situação, quando injustificados e carentes de fundamentação. Deixando para evidenciar somente falhas, de preferência, já de conhecimento público; as quais serão mais aceitas pelo eleitor. Não se esquecendo de “bater” numa medida que não enfade, que não enjoe o eleitor. É mais uma aplicação de psicologia que de política partidária. Isto porque pode surgir compaixão pelo combatido, pelo injuriado, por aquele que cometeu muitos “erros”, “falhas na administração”. É a velha máxima da segunda chance que os corações tendem a ofertar, mesmo nas situações mais críticas.

Partindo do pressuposto de que é o indivíduo singularmente quem tem interesse, quem recebe e quem multiplica a mensagem do candidato, podemos afirmar, a priori, que as estratégias da propaganda política devem ser criadas para atender as aspirações do individuo e não da coletividade. Para esta singularidade, portanto, é que deve ser direcionado o marketing político, pois é o indivíduo quem assiste, avalia e julga o combate entre situação e oposição: defendendo a primeira a inalterabilidade do governo/administração ao argumento de que somente assim será possível “Avançar”; enquanto a oposição carregará a bandeira do “Mudar para melhorar”.

Logo, para que um dos lados – situação ou oposição –, possa influenciar na escolha do eleitor, é necessário que as estratégias da propaganda convençam aquele; para isso é fundamental que seja evitado os excessos da valorização de ações, muitas vezes sequer colocadas em prática; e de outras claramente impraticáveis.

Com coerência e verdade, é possível desenvolver uma boa propaganda política, com eficácia de longo prazo; mesmo que num primeiro momento não seja vitoriosa a eleição, uma vez que as inverdades e falsas promessas sempre são reveladas e posteriormente poderão ser negativas para o curriculum até mesmo do vitorioso. Mas para isso é necessário que o político tenha a capacidade de compreender que a propaganda é o adorno das suas ações verdadeiras e não meio de enganação política. O eleitor já sabe que o candidato está mentindo. Pra o eleitor tudo é sempre mentira. Que tal surpreendê-lo com um pouco de verdade? Simples e de grande efeito.

Nas estratégias de propaganda política, além das peças publicitárias, o político deve ter o discurso como um importante instrumento de comunicação, ao qual deve ser dada a devida atenção; evitando-se a retórica exagerada, muito utilizada pelos iniciados. O eleitor está cada vez mais resistente à “conversa bonita e vazia”; e, caso ele tenha dificuldades para identificar a enrolação, os opositores do candidato/político o ajudaram com muitíssima empolgação.

CRISTOVÃO PINHEIRO é Jornalista, Publicitário e Consultor Político. Coordenou e participou de diversas campanhas eleitorais, presta consultoria em Marketing Político e é membro da IAPC – International Association of Political Consultants, associação que congrega os melhores profissionais de Marketing Político do mundo.