Foto Lula Marques/ Agência Brasil
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Sargento nega acusações na CPMI e relatora vê movimentação atípica

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Sargento nega acusações na CPMI e relatora vê movimentação atípica

O sargento do Exército, Luís Marcos dos Reis, refutou as acusações levantadas contra ele, as quais incluem fraude no cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro, participação nos eventos de 8 de janeiro e supostas irregularidades em transações financeiras atípicas.

Ele prestou depoimento no dia 24 de agosto perante a comissão mista parlamentar de inquérito (CPMI) no Congresso Nacional, que está investigando os acontecimentos de caráter golpista. O sargento, que fazia parte da equipe auxiliar do ex-presidente Bolsonaro, juntamente com o tenente-coronel Mauro Cid, permanece detido há mais de três meses como resultado de uma operação da Polícia Federal (PF) que está examinando a alegada fraude no cartão de vacinação do ex-presidente.

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI, teve acesso ao relatório sobre as movimentações financeiras do sargento. Ela enfatizou que os valores envolvidos não condizem com a renda que o militar recebe.

“Durante o período avaliado, de fevereiro de 2021 a janeiro de 2022, sua renda mensal estava aproximadamente entre R$ 13 mil e R$ 14 mil. No entanto, as transações registradas em sua conta somam cerca de R$ 3 milhões”, declarou a parlamentar.

Soldos extras e consórcio com amigos

Dos Reis apresentou justificativas para o montante de entradas e saídas em sua conta. Ele explicou que parte desse montante corresponde a recursos recebidos quando entrou na reserva, obtendo remunerações adicionais, provenientes de um consórcio compartilhado com amigos, empréstimos pessoais e a venda de um veículo, a pedido de Mauro Cid.

“Quando se olha para esse valor de R$ 3 milhões… Quando meu advogado disse: ‘Caramba, eu gostaria que esse dinheiro estivesse em sua conta’, isso nunca realmente passou por minha conta. Então, eu comecei a revisar os registros aqui, e cerca de R$ 550 mil foram TEDs (Transferências Eletrônicas Disponíveis) que foram enviadas e retornaram”, esclareceu.

A relatora Eliziane indagou sobre os R$ 74 mil provenientes da empresa Cedro do Líbano e de seu proprietário, que mantinha contratos com o governo federal. O sargento respondeu que esse assunto já havia sido investigado, mas não forneceu detalhes adicionais.

“O senhor possui transações que se mostram extremamente suspeitas com empresas que estabeleceram acordos com o governo federal”, apontou Eliziane. Ela também enfatizou que “as explicações que o senhor está oferecendo não condizem com os dados que temos à disposição nesta CPMI”.

Dinheiro sem explicação

Membros da bancada governista expressaram a opinião de que o testemunho do sargento não trouxe esclarecimentos satisfatórios. O deputado federal Rafael Brito (MDB-AL) fez cálculos indicando que, mesmo excluindo os valores que ele justificou, ainda permanecia um montante de R$ 500 mil sem explicação.
“Até o momento, o senhor deixou lacunas enormes que sugerem que sua permanência na detenção se estenderá consideravelmente”, afirmou.
Por outro lado, o senador da oposição Marcos Rogério (PL-RO) opinou que o depoimento do sargento não trouxe contribuições relevantes e não se relacionou com os eventos de 8 de janeiro. Ele observou que “nenhum novo elemento” foi acrescentado.
Para o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), acreditava-se que o sargento Luís Marcos estava sendo alvo da CPMI simplesmente devido à sua amizade com o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e também porque o governo atual era considerado “revanchista”.